terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Veja o Mundo - Atualidades - Crítica do New York Times

Barack Obama, presidente dos Estados Unidos

  • Barack Obama

    Programa implantado por Obama faz sentido? (Artigo em itálico)
    David Brooks
    The New York Times
"De vez em quando o governo Obama promulga uma política que é verdadeiramente desmoralizante. A disposição de acabar com o programa do cheque escolar do Distrito de Colúmbia é um exemplo disso. Um outro exemplo é a decisão de obrigar os provedores de serviços sociais católicos a apoiar a contracepção e de impor outras práticas que violam as crenças dessas instituições.
Essas decisões são desmoralizantes porque elas fazem com que seja mais difícil implementar políticas de combate à pobreza sérias.
A verdade essencial a respeito da pobreza é que nós jamais entenderemos integralmente as causas dela. Existem um milhão de fatores que contribuem para a pobreza, e eles interagem entre si de um zilhão de maneiras diferentes.
Alguns dos fatores são econômicos: a carência de empregos básicos de baixa qualificação. Outros fatores são históricos. Por exemplo, o legado do racismo. Alguns são familiares, como a ruptura dos primeiros vínculos entre crianças e pais e os problemas cognitivos que são frequentemente resultantes disso. E há os de caráter social, como a carência de modelos de comportamento e mentores saudáveis.
A lista de fatores que contribuem para a pobreza poderia seguir indefinidamente, e as interações entre eles são infinitas. Portanto, não existe nenhuma solução mágica para reduzir significativamente a pobreza. A única coisa a fazer é modificar todo o ecossistema.
Se a pobreza é um sistema complexo de retroalimentações negativas, é necessário criar um conjunto igualmente complexo e diversificado de retroalimentações positivas. É necessário inundar a área com a maior quantidade possível de programas de boa qualidade, financiá-los e esperar que de alguma forma eles interajam entre si e se reforcem mutuamente em cada comunidade e bairro.
O objetivo principal dessa abordagem do tipo “inundar a área” é possibilitar que haja a maior diversidade possível. Digamos que haja uma adolescente de 14 anos de idade que, por motivos inteiramente compreensíveis, deseja experimentar o amor e a sensação de sentido que acompanha a maternidade, em vez de permanecer na escola na esperança de um dia ganhar um salário de classe média.
Não sabemos que fatores fizeram com que ela tomasse essa decisão, e não é possível saber o que a dissuadiria disso. Mas nós desejamos que ela permaneça, da manhã até a noite, envolvida por um espesso ecossistema de influências positivas. Queremos a participação de grupos esquerdistas de justiça social, grupos direitistas evangélicos, grupos muçulmanos, clubes esportivos, assistentes sociais governamentais, clubes de meninos e meninas e centenas de outras instituições repletas de diversidade. Se nós a cercarmos de uma cultura diferente e de uma rede de relações, talvez ela absorva novos hábitos de pensamento, sinta que pertence a um grupo e modifique a rota escolhida.
Para construir esse ecossistema espesso, é necessário incluir instituições religiosas e conceder a elas ampla autonomia. A fé religiosa é sinuosa, e ela nem sempre se coaduna com as normas contemporâneas. Mas a fé motiva as pessoas a servir. A fé modifica vidas. E nós queremos fazer tudo o que for possível para dar a esses servos fiéis espaço e apoio a fim de que eles possam aprimorar a ecologia espiritual, econômica e social nos bairros pobres.
As políticas do governo quanto aos cheques escola e os fornecedores de serviços religiosos são desmoralizantes porque elas enfraquecem essa ecologia e a diversidade a ela inerente. Ao acabar com os cheques escola, o governo reduziu a interação social entre bairros. Ao recorrer à coerção contra as instituições filantrópicas religiosas, ele está ensinando os fiéis a não confiarem no governo, a segregarem-se em zonas que estejam fora do alcance da burocracia e a se isolarem (...)
O que os tecnocratas fazem é promulgar regras. Eles buscam princípios abstratos que a seguir possam aplicar a todos os casos. Sob o ponto de vista deles, uma regra é justa quando ela pode ser imposta uniformemente em toda a nação. (...)
As instituições tecnocráticas possuem uma teoria não declarada de como as mudanças ocorrem. É a teoria que o presidente Barack Obama esboçou no início e no fim do seu discurso sobre o estado da União: a sociedade funciona melhor quando ela se assemelha a uma unidade militar – quando todos trabalham em conjunto para desempenhar uma missão, aglutinando-se como se fossem um único organismo.
Mas um programa de combate à pobreza realista funciona de maneira oposta. Ele não é como uma unidade militar. Tal programa lembra uma floresta tropical, com uma gama complexa de organismos desempenhando funções diversas de formas diversas, enquanto se entrelaçam e se adaptam uns aos outros.
Eu gostaria que Obama escapasse do racionalismo tecnocrático que às vezes contagia o seu governo. Eu desejaria que ele retornasse às suas raízes de organizador de comunidades. Quando Obama dirigia por Chicago, mobilizando padres e pastores naquelas noites frias, seria de se acreditar que ele tivesse se sentido compelido a fazer coisas que violassem os votos sagrados desses indivíduos?
Eu creio que não. Eu acho que se Obama possuísse naquela época o poder que tem hoje, ele teria desejado inundar a área com a maior diversidade possível."

Tecnocrata: aquele que governa, administra ou executa funções valorizando apenas soluções técnicas para os problemas, sem levar em conta aspectos humanos e sociais.

Alunos: o cheque escolar americano é um benefício que um estudante norte-americano pode ter, usando dinheiro público, para ingressar em escolas particulares. Geralmente é destinado às famílias mais carentes. Em 2011, foi ampliado esse programa social. Mas, pelo visto, parece que o governo federal e alguns estaduais desejam reduzí-lo.

Notem que o colunista do New York Times, o maior jornal dos EUA, é contra o corte. E pensar que  tem gente no Brasil que reclama do Bolsa-Família...  

Vamos ver como será a eleição este ano.  
  

2 comentários:

  1. César o seu blog será relacionado a materia discutida em sala de aula(Livro-teoria e atividades)ou pelas atualidades do mundo? Pois a Geografia está sempre mudando,não?

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  2. Oi, Rodrigo. Tudo bem? Então...

    Quando for sobre a matéria, avisarei vocês. No geral, é sobre Geografia e atualidades mesmo. Abraços e obrigado pelo acesso.

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